Sem questionar crenças, mas…

Eu sei que eu vivo numa sociedade essencialmente cristã e que a crença no deus cristão deve ser respeitada e etc, mas algumas coisas realmente me intrigam.

Meus pais não quiseram impor nenhuma religião a mim ou aos meus irmãos, pois acreditavam que nós deveríamos escolher o que achássemos melhor – isso se tivéssemos vontade de escolher alguma coisa. Ok. Mais ou menos. Eu estudei numa escola batista até a segunda série e havia ensino de religião na escola – eu ainda sei cantar várias músicas da igreja batista até hoje.

No fim das contas, eu não escolhi religião nenhuma e, possivelmente, isso aconteceu justamente por nenhuma delas me ter sido empurrada goela abaixo. Eu tive curiosidade algumas vezes, procurei saber algumas coisas e… e fiquei feliz em não escolher nada. Eu não me sinto perdida no mundo por conta disso. Na verdade, eu me sinto livre para agir da maneira que eu acho correta.

No entanto, existem aquelas regras sociais que ditam formas de agir. É como ter que achar absolutamente aceitável entrar num estabelecimento comercial e me deparar com uma cruz, ou ter que ler deus é fiel nas cédulas de real – eu convivo com isso, eu respeito a sua crença  – só não tente me catequizar, não funciona assim.

Eu me recordo claramente da minha irmã me mostrando o agradecimento que ela escreveu para colocar no convite de formatura dela: agradeceu aos pais, à família, ao namorado, aos amigos e a deus. Oi? Perguntei imediatamente o motivo de deus ter aparecido ali, principalmente porque, assim como eu, minha irmã não é uma pessoa religiosa. Ela me disse que todo mundo coloca. Pera. Como? Sim, minha irmã agradeceu a deus no convite de formatura porque é algo que todo mundo faz.

Eu lembro de questionar esses agradecimentos a vida inteira. Deus estudou por você? Deus subornou seus professores? Deus embutiu conhecimento na sua cabeça? Deus ficou com a bunda quadrada e cheio de olheiras de tanto estudar? Deus pagou caro pelos seus estudos? Deus corrigiu suas provas? Deus fez as provas no seu lugar? Não, porra. Você quem foi lá e fez.

Estava eu hoje de bobeira rolando o feed do facebook, quando em deparo com a seguinte imagem:

E foi aí que eu percebi que Maurício de Souza sabia do que eu estava falando. Obrigada, Maurício, já não me sinto mais sozinha.