insônia

Durante parte da minha adolescência, eu tive o desprazer de sofrer de insônias terríveis, acordando sempre durante a madrugada e isso me deixava muito angustiada. Depois de um tempo, eu comecei a simplesmente passar noites em claro e passei a dormir num horário diferenciado. Essa prática durou algum tempo, mas logo se tornou impraticável devido a minha rotina padrão – que envolvia estar de pé e descansada na aula durante a manhã.

Após um certo tempo, eu percebi que valia a pena dormir mais tarde mesmo, pois meu horário de sono mais saudável era durante o nascer do sol, e passei a compensar meu curto sono da noite com cochilos durante o dia – funcionava muito bem quando a rotina permitia – e permitiu durante toda a faculdade de Letras e durante parte da faculdade de Engenharia.

Hoje eu me pego num momento de dúvida sobre esses meus hábitos, assim, meio diferentes do padrão. Normalmente, quando eu acordo no meio da noite, eu acordo cheia de pique e sem o menor sono. Não foi exatamente o que aconteceu hoje, mas mesmo assim vale a reflexão: se eu não tivesse nada para fazer durante a manhã, eu me colocaria de pé e iria estudar – ou ler um livro, ou escrever um texto, ou colorir, etc; mas como eu tenho de estar na aula às 7h, eu me sinto obrigada a dormir. O problema é: eu não consigo.

Como eu tenho uma dificuldade natural em dormir à noite, eu criei certos hábitos que ensinam ao meu corpo que aquela é a hora de dormir: um banho morno, escovar os dentes, me aproximar da cama, fazer as coisas mais devagar. Obedecer essa rotina não garante uma boa noite de sono, mas facilita todo o processo. Muita gente recomenda uma leitura antes de dormir, dizendo que ler dá sono. Não é uma afirmação totalmente equivocada, pois algumas leituras realmente me trazem sono, mas a maioria dos textos que leio para lazer me deixam mais agitada que sonolenta. Eu gosto de ler, mergulho na leitura e esqueço que tenho que dormir.

Estudar, por outro lado, me dá muito sono – muito sono mesmo. Mas, assim como ensinei ao meu corpo a hora de dormir, ensinei a mim a hora de não dormir – na verdade, ainda ensino. Leitura acadêmica, em geral, é mais monótona e sem surpresas. Não significa que a leitura acadêmica não seja interessante, apenas não é uma escrita feita para despertar emoções no ser humano, o que a torna, sim, provocadora de sono. No entanto, eu não posso estudar para sentir sono, faria uma loucura no meu organismo – principalmente em semanas de prova.

A minha dúvida é: devo alimentar minha sede produtiva da madrugada, mesmo tendo que estar na faculdade às 7h e precisando dar aulas até às 21h30? Ou devo simplesmente rolar na cama indefinidamente até dormir? Será que rolar na cama vai mesmo me fazer dormir?

Desde que eu acordei, eu tentei consertar meu ventilador (estava fazendo um barulho horrível e coloquei óleo de cozinha nele, porque não tem óleo de máquina na minha casa), li uns 5 textos diferentes num blog, brinquei com a Gata e agora estou aqui, escrevendo esse texto. E aí eu me pergunto: não seria melhor se eu tivesse simplesmente sentado para estudar? Eu não sei. Me pergunto também: será que amanhã eu vou ter tempo de repor essas horas de sono perdidas? Mais importante ainda: será que eu vou estar em forma e bem disposta até às 21h30?

Alguns amigos já me perguntaram o porquê de eu não tomar nenhum tipo de relaxante para dormir. Primeiro, eu jamais tomaria qualquer medicamento desse tipo sem fortes recomendações médicas. Segundo, eu tenho resistência em relação à esse tipo de conduta. Por fim, em alguns países mais desenvolvidos, rotinas diferenciadas são respeitadas e foram criadas, portanto, novas rotinas de estudo e trabalho em horários fora do padrão; será que eu estou vivendo de acordo com as necessidades do meu corpo? Será que eu estou respeitando o meu corpo?

Enfim, não sei o que fazer. Só sei que dormir não será fácil. Bom, como tenho que aproveitar esse tempo para alguma coisa, eu vou iniciar uma leitura aqui – sem relação com estudo.

espelho

Eu tentei escrever este post mais cedo, mas não consegui. Não consegui, porque não havia sido capaz de me colocar do outro lado, de sentir o que o outro sente.

Há algum tempo eu escuto relatos de homens me dizendo que os assusto de alguma forma. Como se eu causasse temor. Não sei se me admiram tanto, que chegam a sentir medo; ou se, como alguns chegam a relatar, eu me mostro tão confiante, que chego a ser assustadora. Acho que os homens, via de regra, não gostam de mulheres que não precisam deles. Fato é que os que têm medo, por mais que sintam atração, fogem.

Inclusive, certa vez, eu falei isso com um amigo. Que ele deixava tão claro que não precisava de ninguém, que as mulheres corriam dele. Isso foi há anos. Acho que as mulheres pararam de correr dele – ele mora com a namorada atualmente. Ou, vai ver, ele passou a ser menos autossuficiente. Não sei.

O fato de eu não ter sido capaz de escrever o post antes, mas tê-lo escrito agora, é justamente por, agora, a ficha ter caído. Eu acabei de explicar para um cara que eu não vou mais ficar com ele, porque gosto dele e o sentimento não é recíproco. Ele me perguntou o que as mulheres veem nele. Bom, as outras, eu não sei, mas eu sinto medo. Um medo bobo, diferente, uma segurança tola, mas é isso que sinto – e é isso que me faz bem. Só não é recíproco. E aí, meu amigo, quando a coisa vai, mas não volta, a gente para de deixar ir…

O título do post é espelho, porque, normalmente, o que a gente vê no outro e que irrita é justamente o que a gente também tem. Espelho, espelho meu, existe alguém no mundo mais pateta do que eu?

conversa

conversa |é|

s. f.
1. Troca de palavras ou de frases entre dois ou mais interlocutores. = CONVERSAÇÃO
°°
Bom, quando eu tenho algo novo para contar a alguém, eu me aproximo da pessoa e inicio uma conversa na qual eu exponho meu ponto de vista em relação ao tema abordado. Em contrapartida, eu espero que a pessoa exprima o ponto de vista dela, a fim de que eu possa fazer proveito da experiência de outras pessoas nas tomadas de decisão da minha vida.
Recentemente, precisei abordar um tema delicado com uma pessoa querida, que sequer parou de fazer o que fazia para prestar atenção ao que eu dizia e agora vem, de quando em quando, reclamar da decisão que tomei. E quando disse que havíamos conversado sobre o assunto, me disse que eu apenas expus minha opinião e ela a dela. Ora, mas se uma conversa não é isso, o que é então?

soft

I went soft. I did. At least sometimes I do think I did. I would risk saying I am soft now. But then, you could say that after all that happened it would be ok to become soft. I don’t like that. I sometimes miss the tough me.